Massacre na Praça da Paz Celestial
Era uma noite quente de verão, quando os tanques cercaram a Praça da Paz Celestial, em Pequim.
Meia hora mais tarde, foram apagadas as luzes e iniciaram-se as brutalidades.
Cerca de 40 mil soldados haviam sido chamados do norte do país, depois que o batalhão estacionado na capital havia se negado a cumprir as ordens para acabar com a manifestação pacífica por liberdade e democracia, promovida durante seis semanas na praça central.
Já os soldados do interior da Mongólia, com seus experientes oficiais que haviam lutado no Vietnã, não conheciam estes escrúpulos.
Os tanques invadiram a praça, atropelaram os manifestantes e atiraram em tudo o que se movia, promovendo um verdadeiro banho de sangue.
Até hoje, não se sabe o número exato de mortos, calculado entre 2 e 5 mil pessoas.
Também estudantes que tentaram ajudar os feridos foram mortos.
Uma alemã, que deixou a China às pressas na ocasião, relatou mais tarde que viu na rua cerca de 500 universitários com flores brancas e pretas nas roupas, em sinal de luto.
"Todos foram atropelados pelos tanques", relatou horrorizada.
Os protestos haviam se iniciado seis semanas antes, após a morte do chefe do partido, Hu Yaobang.
No dia 18 de abril, milhares de universitários se dirigiram em passeata para ocupar a praça central da capital chinesa.
Eles reivindicavam a democratização do Partido Comunista e o combate à corrupção.
Jornal anunciou medidas repressivas No dia 26 de abril, o jornal Renmin Ribao, órgão oficial do governo em Pequim, criticou de forma severa o movimento estudantil e anunciou medidas repressivas em seu editorial.
Ignorando a advertência, outros milhares de estudantes de 40 universidades do país deslocaram-se até a praça.
Também a classe jornalística solidarizou-se com o movimento e, pela primeira vez, promoveu uma manifestação exigindo liberdade de imprensa.
Nos primeiros dias do mês de maio, entretanto, ficava clara a cisão dentro da cúpula política.
Enquanto o chefe do partido, Zhao Ziyang, mostrava compreensão para as reivindicações estudantis, o primeiro-ministro, Li Peng, e Deng Xiaoping defendiam a linha dura.
A 13 de maio, os universitários reunidos na praça iniciaram a greve de fome, alguns inclusive recusavam-se a beber água.
Li Peng continuou se negando a seguir suas exigências e no dia 20 de maio decretou a lei marcial.
Pouco depois, Zhao Ziyang foi deposto, selando a vitória da linha-dura do governo chinês.
A cisão começava a se delinear também entre os manifestantes.
Os mais radicais negavam-se a seguir a sugestão feita pela Aliança Universitária de Pequim, de encerrar a manifestação.
No dia 29, artistas chegaram a confeccionar uma estátua de espuma em homenagem à democracia, de 10 metros de altura, em plena Praça da Paz Celestial.
Na noite de 4 para 5 de junho, então, os tanques e caminhões com soldados portando metralhadores avançaram sem piedade sobre os milhares de estudantes.
A temida guerra civil como conseqüência do massacre acabou não acontecendo.
O movimento pela democracia foi sufocado em sangue e a imprensa subjugada ao controle estatal.
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